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domingo, 15 de agosto de 2010

Vícios de linguagem

Ambiguidade:
Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter dois sentidos. Ela geralmente é provocada pela má organização das palavras na frase. A ambiguidade é um caso especial de polissemia, a possibilidade de uma palavra apresentar vários sentidos em um contexto.

Ex:

*"Onde está a vaca da sua avó?" (Que vaca? A avó ou a vaca criada pela avó?)
*"Onde está a cachorra da sua mãe?" (Que cachorra? A mãe ou a cadela criada pela mãe?)
*"Este líder dirigiu bem sua nação"("Sua"? Nação da 2ª ou 3ª pessoa (o líder)?).
Obs 1: O pronome possessivo "seu(ua)(s)" gera muita confusão por ser geralmente associado ao receptor da mensagem.

Obs 2: A preposição "como" também gera confusão com o verbo "comer" na 1ª pessoa do singular.

A ambiguidade normalmente é indesejável na comunicação unidirecional, em particular na escrita, pois nem sempre é possível contactar o emissor da mensagem para questioná-lo sobre sua intenção comunicativa original e assim obter a interpretação correta da mensagem.


Barbarismo:
Barbarismo, peregrinismo, idiotismo ou estrangeirismo (para os latinos qualquer estrangeiro era bárbaro) é o uso de palavra, expressão ou construção estrangeira no lugar de equivalente vernácula.

De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos recebem diferentes nomes:

galicismo ou francesismo, quando provenientes do francês (de Gália, antigo nome da França);
anglicismo, quando do inglês;
castelhanismo, quando vindos do espanhol;

Ex:

*Mais penso, mais fico inteligente (galicismo; o mais adequado seria "quanto mais penso, (tanto) mais fico inteligente");
*Comeu um roast-beef (anglicismo; o mais adequado seria "comeu um rosbife");
*Havia links para sua página (anglicismo; o mais adequado seria "Havia ligações (ou vínculos) para sua página".
*Eles têm serviço de delivery. (anglicismo; o mais adequado seria "Eles têm serviço de entrega").
*Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa da UE (galicismo, o mais adequado seria Primeiro-ministro)
*Nesta receita gastronômica usaremos Blueberries e Grapefruits. (anglicismo, o mais adequado seria Mirtilo e Toranja)
*Convocamos para a Reunião do Conselho de DA's (plural da sigla de Diretório Acadêmico). (anglicismo, e mesmo nesta língua não se usa apóstrofo 's' para pluralizar; o mais adequado seria DD.AA. ou DAs.)

Há quem considere barbarismo também divergências de pronúncia, grafia, morfologia, etc., tais como "adevogado" ou "eu sabo", pois seriam atitudes típicas de estrangeiros, por eles dificilmente atingirem alta fluência no dialeto padrão da língua.

Em nível pragmático, o barbarismo normalmente é indesejável porque os receptores da mensagem frequentemente conhecem o termo em questão na língua nativa de sua comunidade linguística, mas nem sempre conhecem o termo correspondente na língua ou dialeto estrangeiro à comunidade com a qual ele está familiarizado. Em nível político, um barbarismo também pode ser interpretado como uma ofensa cultural por alguns receptores que se encontram ideologicamente inclinados a repudiar certos tipos de influência sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que o conceito de barbarismo é relativo ao receptor da mensagem.

Em alguns contextos, até mesmo uma palavra da própria língua do receptor poderia ser considerada como um barbarismo. Tal é o caso de um cultismo (ex: "abdômen") quando presente em uma mensagem a um receptor que não o entende (por exemplo, um indivíduo não escolarizado, que poderia compreender melhor os sinônimos "barriga", "pança" ou "bucho").

Cacofonia
A cacofonia é um som desagradável ou obsceno formado pela união das sílabas de palavras contíguas. Por isso temos que cuidar quando falamos sobre algo para não ofendermos a pessoa que ouve. São exemplos desse fato:

*"Ele beijou a boca dela."
*"Bata com um mamão para mim, por favor."
*"Deixe ir-me já, pois estou atrasado."
*"Não tem nada de errado a cerca dela"
*"Vou-me já que está pingando. Vai chover!"
*"Instrumento para socar alho."
*"Daqui vai, se for dai."
Não são cacofonia:

*"Eu amo ela demais !!!"
*"Eu vi ela."
*"você veja"
Como cacofonias são muitas vezes cômicas, elas são algumas vezes usadas de propósito em certas piadas, trocadilhos e "pegadinhas".

Plebeísmo:
O plebeísmo normalmente utiliza palavras de baixo calão, gírias e termos considerados informais.

Exemplos:

*"Ele era um tremendo mané!"
*"Tô ferrado!"
*"Tá ligado nas quebradas, meu chapa?"
*"Esse bagulho é 'radicaaaal'!!! Tá ligado mano?"
*'Vô piálá'mais tarde ' !!! Se ligou maluko ?
Por questões de etiqueta, convém evitar o uso de plebeísmos em contextos sociais que requeiram maior formalismo no tratamento comunicativo

Prolixidade:
É a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou argumentos e à sua superabundância. É o excesso de palavras para exprimir poucas idéias. Ao texto prolixo falta objetividade, o qual quase sempre compromete a clareza e cansa o leitor.

A prevenção à prolixidade requer que se tenha atenção à concisão e precisão da mensagem. Concisão é a qualidade de dizer o máximo possível com o mínimo de palavras. Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa para dizer exatamente o que se quer.

Pleonasmo vicioso:
O pleonasmo é uma figura de linguagem. Quando consiste numa redundância inútil e desnecessária de significado em uma sentença, é considerado um vício de linguagem. A esse tipo de pleonasmo chamamos pleonasmo vicioso.

Ex:

*"Ele vai ser o protagonista principal da peça". (Um protagonista é, necessariamente, a personagem principal)
*"Meninos, entrem já para dentro!" (O verbo "entrar" já exprime ideia de ir para dentro)
*"Estou subindo para cima." (O verbo "subir" já exprime ideia de ir para cima)
*"Não deixe de comparecer pessoalmente." (É impossível comparecer a algum lugar de outra forma que não pessoalmente)
*"Meio-ambiente" - o meio em que vivemos = o ambiente em que vivemos.
Não é pleonasmo:

"As palavras são de baixo calão". Palavras podem ser de baixo ou de alto calão.
O pleonasmo nem sempre é um vício de linguagem, mesmo para os exemplos supra citados, a depender do contexto. Em certos contextos, ele é um recurso que pode ser útil para se fornecer ênfase a determinado aspecto da mensagem.

Especialmente em contextos literários, musicais e retóricos, um pleonasmo bem colocado pode causar uma reação notável nos receptores (como a geração de uma frase de efeito ou mesmo o humor proposital). A maestria no uso do pleonasmo para que ele atinja o efeito desejado no receptor depende fortemente do desenvolvimento da capacidade de interpretação textual do emissor. Na dúvida, é melhor que seja evitado para não se incorrer acidentalmente em um uso vicioso


Solecismo
Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma. Há três tipos de solecismo:

De concordância:

*"Fazem três anos que não vou ao médico." (Faz três anos que não vou ao médico.)
"Aluga-se salas nesse edifício." (Alugam-se salas nesse edifício.)
De regência:

Eco:
O Eco vem a ser a propia rima que ocorre quando há na frase terminações iguais ou semelhantes, provocando dissonância.

*"Falar em desenvolvimento é pensar em alimento, saúde e educação."
*"O aluno repetente mente alegremente."
O presidente tinha dor de dente constantemente.


*"Ontem eu assisti um filme de época." (Ontem eu assisti a um filme de época.)
De colocação:

*"Me empresta um lápis, por favor." (Empresta-me um lápis, por favor.)
*"Me parece que ela ficou contente." (Parece-me que ela ficou contente.)
*"Eu não respondi-lhe nada do que perguntou." (Eu não lhe respondi nada do que perguntou.)

Colisão:
O uso de uma mesma vogal ou consoante em várias palavras é denominado aliteração. Aliterações são preciosos recursos estilísticos quando usados com a intenção de se atingir efeito literário ou para atrair a atenção do receptor. Entretanto, quando seus usos não são intencionais ou quando causam um efeito estilístico ruim ao receptor da mensagem, a aliteração torna-se um vício de linguagem e recebe nesse contexto o nome de colisão. Exemplos:

*"Eram comunidades camponesas com cultivos coletivos."
*"O papa Paulo VI pediu a paz."
Uma colisão pode ser remediada com a reestruturação sintática da frase que a contém ou com a substituição de alguns termos ou expressões por outras similares ou sinônimas.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Como é que se começa uma Dissertação?

Muitas vezes já nos perguntamos isso. Quantas vezes! Geralmente, dois impasses são os mais evidentes ao se escrever: começar e terminar uma redação; além disso, é claro, outros: pôr título, argumentar em três ou quatro parágrafos...

A tese (parágrafo introdutório ou parágrafo inicial) pode ser obtida através de alguns procedimentos: para tanto, são usadas definições simples, afirmações, citações, seqüências interrogativas, comparações de características históricas, sociais ou geográficas.

Para se elaborar a tese, deve-se ter preocupação fundamental com o tema oferecido, levando-se em conta que o parágrafo introdutório é o norteador de toda a estrutura dissertativa, aquele que carrega uma idéia nuclear a ser utilizada de maneira pertinente em todo o desenvolvimento do texto.

Podemos iniciar nossa dissertação usando:

1. Tipos de tese
Conceituando (definindo) algo (um processo, uma idéia, uma situação).

É a forma mais comum de começar. Exemplo:

"Violência é toda ação marginal que nos atinge de maneira irreversível: um tiro que se nos é dado, um assalto sem que esperemos, nosso amigo ou conhecido que perde a vida inesperadamente através de ações inomináveis..."
2. Apresentando dados estatísticos sobre o assunto enfocado pelo tema
"Hoje, nas grandes cidades brasileiras, não existe sequer um indivíduo que não tenha sido vítima de violência: 48% das pessoas já foram molestadas, 31% tiveram algum bem pessoal furtado, 15% já se defrontaram com um assaltante dentro de casa, 2% presenciaram assalto a ônibus..."
Este tipo de tese não é aconselhável se não se mesclar a direcionamento argumentativo.

3. Fazendo uso de linguagem metafórica ou figurativa
Esta tese é utilizada basicamente em redações dissertativas de cunho reflexivo:

"Sorteio de vagas na educação... triste Brasil! Tristes e desamparadas criaturas que transformam-se em números sem particularidade individual e acabam, como num bingo do analfabetismo, preenchendo cartelas da ignorância. Triste Brasil que em vez de fazer florescer intelectos, faz gerar o desconsolo e o descontentamento, impede o progresso intelectual e faz ressaltar a maior das misérias: a marginalidade que se cria fora do saber."
4. Narrando, através de flashes, acontecimentos, ações
Nar-ran-do, não se espante! Bem conduzida, esta seqüência integra apenas o parágrafo introdutório. Cuidado! Não se desvie da dissertação introduzida dessa forma. O perigo é, sob pressão, continuar a narração.

"Durante nove meses, agentes do serviço secreto da presidência da República realizaram gravações .. clandestinas na rede de telefones usada pelas diretorias do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no centro do Rio de Janeiro. Por mais de 30 semanas, os espiões da Abin, Agência Brasileira de Inteligência, gravaram conversas do presidente Fernando Henrique Cardoso, de ministros, dirigentes estatais e empresários. Depois se soube a divulgação parcial dessas fitas detonou uma crise política e acabou na demissão do então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros."
5. Apresentando uma interrogação ou uma seqüência de interrogações
É comum o aluno dirigir-se ao professor indagando se este tipo de introdução não empobrece a dissertação do vestibular. Não se for bem conduzida:

■em primeiro lugar, na hora do "branco", é sempre melhor começar interrogando que não começar;
■em segundo lugar, tome cuidado com o número de interrogações: todas deverão ser respondidas por você nos parágrafos argumentativos pois, afinal, é você quem estará opinando e não deve esperar respostas de ninguém, muito menos de seu corretor. "Seu bombril é da Bombril? E a gilete é da Gillette? De tão conhecidas, estas marcas viraram nomes de produtos e foram incorporadas aos dicionários de português como se fossem substantivos comuns."
"É verdade que, depois da porta arrombada, uma tranca é sempre nela colocada? Foi pensando assim que o governo nomeou, na última semana, a procuradora aposentada Anadyr de Mendonça Rodrigues para comandar a Corregedoria Geral da União, que tem status de ministério porque visa à apuração de todas as irregularidades cometidas no país."
6. Contestando definições, citações ou opiniões
Engano de o aluno imaginar que não possa contrariar o tema proposto; ele pode (e deve) expressar livremente suas opiniões. Só assim haverá registro real de seu pensamento. Não mistificar o que pensa sobre os fatos, acontecimentos, é fundamental para a obtenção de boa nota. Nós só encontramos coerência verbal eficaz quando somos verdadeiros no que dizemos.

"Embora se divulgue largamente que a mulher está conquistando espaços tipicamente masculinos, é preciso observar que isso nem sempre se configura como realidade. O posto mais importante deste país, quer na vida pública, quer em empresas privadas, são sempre ocupados pelo sexo masculino. As pessoas parecem não confiar muito no trabalho da mulher; embora saibamos que ela é tão competente quanto o homem. "
7. Organizando uma trajetória que vá do passado ao presente, do presente para o passado, ao comparar social, histórica, geograficamente fatos, ações humanas, ideologias
"Na Idade Média, no Renascimento ou até mesmo durante o Século das Luzes, a mulher esteve sempre a disposição da família, dos trabalhos domésticos e da criação dos filhos; somente no século XX ela ganha, ainda que não suficientemente, coragem para inserir-se no "mundo dos homens": pilota, dirige grandes empresas, constrói edifícios. "
8. Evidenciando uma série de argumentos que futuramente serão usados como expansores de parágrafos argumentativos
"Poucas vagas para as crianças, muita propaganda na tevê, um número exorbitante de adultos analfabetos, um país fingindo que sabe ler..."
Observação: cada um dos argumentos acima numerados podem, individualmente, ser transformados em um parágrafo argumentativo que discuta, por exemplo, a falta de vagas na escola.

9. Comparando social, geográfica ou historicamente nações, ações, acontecimentos, circunstâncias
O que poderia haver de comum entre jovens pobres do Harlem no final do século XX e um poeta italiano do século XIII? A equipe de McClintock mostrou que Dante, como eles, também era rebelde, incompreendido, pressionado.

(Gilberto Dimenstein, Projeto Aprendiz, via Internet)


"Enquanto que em países desenvolvidos como o Japão ou I tália o índice de mortalidade infantil é inferior a 2%, na América Latina há regiões em que atinge os imorais 6,4%, como em alguns bolsões de miséria absoluta no Piauí, sul do Pará e Maranhão."


"Antigamente se dizia do FGTS que se tratava de uma "poupança forçada". Estávamos no regime militar e, sempre que possível, punha-se ênfase no fato de que as coisas eram "forçadas". Mas o tempo passou, e o FGTS acabou promovido "patrimônio do trabalhador", inclusive com os sindicatos participando de sua gestão."

(Gustavo Franco, revista Veja)
10. Caracterizando aspectos físicos ou espaços (fechados e abertos), descrevendo-os
"Um corredor superlotado, pessoas deitadas pelo chão, nas macas, sobre pias, em péssimas condições de higiene e de saúde: eis uma fotografia da perversa realidade brasileira na área da saúde."


"É num pequeno sobrado, numa rua de pouco movimento, que acontecem, entre paredes encardidas, na salta exígua, as sórdidas negociações envolvendo os incentivos oficiais da Sudam, em Belém."
Além desses tipos que agora aprendemos, você poderá utilizar-se de um expediente interessante quando começar suas redações: mesclar os dez tipos que temos disponíveis. Que tal, por exemplo, interrogar e descrever?

Quem poderia supor Miss Brasil 2001 totalmente biônica? Quem poderia apostar numa miss quase robótica produzida a partir de 19 cirurgias plásticas? Pois foi o que aconteceu. Juliana Borges, a gaúcha vencedora do concurso, arrumou as orelhas de abano, sugou excessos na barriga, costas e quadris, injetou silicone nas maçãs do rosto e nos lábios, além de dezenas de outras "arrumadinhas" antes de vestir o maiô e desfilar, encantadora, quase perfeita, pela passarela."

domingo, 8 de agosto de 2010

Sugestão de leitura


A Comunicação sempre foi o ponto de partida de todas as relações humanas.
E ainda ganha mais força em tempos atuais, nos quais contamos com ferramentas de interatividades que conectam
milhares de pessoas que constantemente editam vídeos, enviam opinões e escrevem uns aos outros.
Assim, estamos cada vez mais dependentes dessa grande rede de relações.

Assim, não podemos perder oportunidades de dizer quem somos e o que pensamos, de nos mostrar ao mercado de trabalho,
como profissionais de qualidade, ou seja, não podemos perder a oportunidade de fazer uso dessa habilidade tão necessária,
que é a de comunicar


Abaixo, será postado um dos capítulos do livro que se refera a questão da Auto - estima linguistica do autor Sérgio Simka. Os qrquivos estão em imagem e divididos em sete partes.

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4