1- Língua escrita e língua falada:
A língua escrita não é a simples reprodução gráfica da língua falada, porque os sinais gráficos não
conseguem registrar grande parte dos elementos da fala, como o timbre da voz, a entonação, e ainda os
gestos e a expressão facial. Na realidade a língua falada é mais descontraída, espontânea e informal, porque
se manifesta na conversação diária, na sensibilidade e na liberdade de expressão do falante. Nessas situações
informais, muitas regras determinadas pela língua padrão são quebradas em nome da naturalidade, da
liberdade de expressão e da sensibilidade estilística do falante.
Sob o impacto do cinema, do radio, da televisão, das histórias em quadrinhos e do computador, a
língua escrita tende a ser direta, sintética, despojada, eficaz. A língua falada, por usa vez, ganha um espaço
privilegiado nesta época em que predominam os meios de comunicação audiovisual.
2- Linguagem popular e linguagem culta:
A língua falada e a escrita podem valer-se tanto da linguagem popular quanto da linguagem culta.
Obviamente a linguagem popular é mais usada na fala, nas expressões orais cotidianas. Porém, nada impede
que ela esteja presente em poesias (o Movimento Modernista Brasileiro procurou valorizar a linguagem
popular), contos, crônicas e romances em que o dialogo é usado para representar a língua falada.
2.1- a linguagem popular ou coloquial:
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-se quase sempre rebelde à norma
gramatical e é carregada de vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância: barbarismo –
erros de pronúncia, grafia e flexão; ambigüidade; cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e
preferência pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua. A linguagem popular esta entre
amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de tv e auditório, novelas, na expressão dos estados
emocionais etc.
2.2- a linguagem culta ou padrão:
É aquela ensinada nas escolas e serve de veiculo às ciências em que se apresenta com terminologia
especial. É usada pelas pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se pela obediência às
normas gramaticais. Mais comumente usada na linguagem escrita e literária, reflete prestigio social e
cultural. É mais artificial, mais estável, menos presente nas aulas, conferencias, sermões, discursos políticos,
comunicações cientificas, noticiários de tv, programas culturais etc.
3- gíria:
Segundo Mattoso Câmara Júnior, “estilo literário e gíria são, em verdade, dois pólos da Estilística,
pois gíria não é a linguagem popular, como pensam alguns, mas apenas um estilo que se integra à língua
popular”. Tanto que nem todas as pessoas que se exprimem através da linguagem popular usam gíria.
A gíria relaciona-se ao cotidiano de certos grupos sociais “que vivem à margem das classes
dominantes: os estudantes, esportistas, prostitutas, ladrões”(Dino Preti) como arma de defesa contra as
classes dominantes. Esses grupos utilizam a gíria como meio de expressão do cotidiano, para que as
mensagens sejam decodificadas apenas pro eles mesmos.
Assim a gíria é criada por determinados grupos que divulgam o palavreado para outros grupos até
chegar à mídia. Os meios de comunicação de massa, como a televisão e o radio, propagam os novos
vocábulos, às vezes, também inventam alguns. A gíria que circula pode acabar incorporada pela língua
oficial, permanecer no vocabulário de pequenos grupos ou cair em desuso.
Ex: “chutar o pau da barraca”, “viajar na maionese”, “delirar na goiabada”, “pirar na batatinha”,
“galera”, “mina”, “chuchuzinho”, “tipo assim”.
4- linguagem vulgar:
Existe uma linguagem vulgar, segundo Dino Preti, “ligadas aos grupos extremamente incultos, aos
analfabetos” aos que tem pouco ou nenhum contato com centros civilizados. Na linguagem vulgar
multiplicam-se estruturas com “nóis via, ele ficá”, “eu di um beijo nela”, “vamo i no mercado”.
5-linguagem regional:
Regionalismos ou falares locais são variações geográficas do uso da língua padrão, quanto às
construções gramaticais e empregos de certas palavras e expressões. Há, no Brasil, por exemplo, os falares
amazônico, nordestino, baiano, fluminense, mineiro, sulino.
Ex: falar caipira:
Aos dezoito anos pai Norato deu uma facada num rapaz, num adjutório, e abriu o pé no mundo. Nunca mais
ninguém botou os olhos em riba dele, afora ao afilhado.
- Padrinho, evim cá chama o sinhô pra mode i mora mais eu.
- Quá, fio, esse cisco de gente num sai daqui mais não.
- Bamo. Buli gente num bole, mais bicho... O sinhô anda perregado...
(Pai Norato, Bernardo Elis)
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